Os
Sete mandamentos dos Pais
Como
criar seu filho sem transformá-lo num pestinha malcriado como os outros.
Eis uma
cena clássica no supermercado: o garoto puxando a perna do pai ou mãe,
implorando por alguma guloseima cheia de açúcar, enquanto o adulto examina as
prateleiras em busca de algo nutritivo. Não demora para que as súplicas do
menino se transformem em choramingos, depois em choro, até que finalmente ele
explode num berreiro de romper os tímpanos, gritando: “Mas eu quero!”
Esse é
um bom teste para avaliar pais na sociedade de consumo.
O pai ou
a mãe pode pensar: por que privar meu filho de um prazer? É só uma bobagem
barata para deixá-lo feliz – e quieto. Só que não alimenta nada. Sem falar que
não se deve recompensar uma criança por ter sido malcriada. Mas... o fato é que
o menino continua gritando, talvez até rolando no chão.
E aqui
vai o que os pais precisam fazer para criar filhos confiantes e responsáveis:
1.
Sejam pais e não colegas.
Uma
criança precisa de um líder, não de um camarada. O psicólogo Wade Horn, chefe
da National Fatherhood Initiative – iniciativa de estímulos à paternidade
consciente –, diz que a primeira lição que os pais devem aprender é: “Parem de
pensar que vocês são um amigo dos seus filhos. Ser pai ou mãe significa estabelecer
limites e impor regras”.
2.
Discipline desde cedo.
O que é
necessário é a autoridade desde cedo. Explicar é bom, negociar é problemático.
A maioria dos especialistas adverte para que os pais não concordem caso a
criança diga: “Se você me der um sorvete, eu guardo os brinquedos.” Isso dá o
controle da situação à criança, e não aos pais.
3.
Passe mais tempo com os filhos.
“Nunca
vi uma geração sem pais quanto esta”, diz Gary Stroope, pastor em Coral Gables,
Flórida. Os pais podem amar os filhos, mas estão sempre ocupados como trabalho
ou com as próprias atividades.
4.
Controle as diversões eletrônicas.
Os pais
costumam se chocar com a linguagem e o conhecimento sobre sexo exibidos pelos
filhos pequenos. Onde estão aprendendo isso? Talvez com uma coleguinha na
escola, mas não tenha dúvida: indiretamente, vem da mídia. Qual a saída?
Endureça. A Associação Médica Americana adverte que as crianças não devem
assistir a mais de duas horas de TV por dia – e mesmo assim apenas programas
monitorados pelos responsáveis. Essa talvez seja a advertência mais ignorada
pelos pais.
5.
Saiba o que o seu filho anda fazendo.
Os
policiais dizem que isso acontece o tempo todo: durante a semana, à tarde,
pré-adolescentes perambulam pela vizinhança, desafiando-se uns aos outros para
ver quem é o mais valente. “Deixar os filhos em casa sozinhos é um problema
enorme” diz Laurence Steinberg. Na verdade, pesquisas mostram que as crianças
“largadas” têm maior probabilidade de se envolver com fumo, drogas, bebidas
alcoólicas e sexo do que as supervisionadas. Mas a boa notícia é que alguns
filhos de pais que trabalham fora crescem bem ajustados. Por quê? Pais
conscienciosos, diz Steinberg, proporcionam aos filhos “um dia-a-dia bem
planejado”, mesmo estando longe, programando as atividades para depois da
escola e contato com a ajuda da família, dos amigos e vizinhos.
6.
Não supervalorize a questão da ‘auto-imagem’.
Os
especialistas dizem que só devemos elogiar os feitos verdadeiros. Se o pequeno
goleiro não fez uma só defesa, não se deve diminuí-lo por causa disso, mas
também não se deve tratá-lo como um craque.
7.
Continuem casados.
A medida
mais importante que os pais podem tomar para ajudar os filhos a crescerem bem
ajustados é ficar juntos. As crianças que crescem ao lado de apenas um dos pais
biólogos têm duas vezes mais chances de abandonar a escola, e as meninas, uma
probabilidade dias vezes e meia maior de engravidar na adolescência, diz um
estudo realizado por Sara McLanahan, professora de sociologia de Princeton. E
lembrem-se: todos esses conselhos dados por especialistas – passar mais tempo
com os filhos, prestar atenção ao que passa na TV, supervisionar por onde andam
– ficam mais fáceis quando há dois adultos dentro de casa.
Revista
Seleções, págs. 106-112
Outubro/1999
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